viernes, 2 de marzo de 2018

2018 - WANDERLINO NOGUEIRA NETO



21/3/1945   - 26/2/2018




Fernando Barros, Wanderlino Nogueira Neto e Caetano Veloso
Salvador, Fevereiro 2018

“Meu querido amigo Wanderlino Nogueira Neto morreu hoje. Ele foi um dos mais marcantes colegas que tive no curso clássico do Colégio Severino Vieira, em Salvador.

A primeira pessoa a me falar da importância de Oswald de Andrade, quando do modernismo paulista de 22 só sabíamos os nomes de Mário e de Villa Lobos e sussurros sobre Anita Malfati. Eu não segui seu conselho de atentar para Oswald, cuja obra só vim a conhecer anos depois, via poetas concretos, instigado pela montagem de O Rei da Vela no Oficina de Zé Celso.

Em Verdade Tropical conto sobre a confusão do nome "Panis et Circencis", que, inacreditavelmente, saiu grafado assim na capa do disco: Wanderlino tinha me ensinado a expressão e deve ter rido muito ao lê-la truncada. Confirmando uma intuição minha sobre a força de sua personalidade, Wanderlino se tornou um militante dos direitos humanos, tendo se tornado membro do Comitê dos Direitos da Criança da ONU. Em 2015 ele ganhou o prêmio Faz Diferença. Pensei, na altura, que seria uma oportunidade de vê-lo e conversar com ele (a última vez em que tínhamos estado juntos fora depois de um show meu em Aracaju, uma década e meia antes), mas tarefas surgiram para mim no dia da premiação. Agora estive com ele na Bahia, junto a nosso outro colega do Severino, Fernando Barros, no Hospital Aliança, onde ele estava em tratamento.

Tenho muita saudade dele e muita frustração por não ter voltado a conversar com ele nesses últimos anos. Havia muita coisa sobre que eu queria e precisava ouvi-lo.

Toda turma do clássico do Severino deve estar agora com o pensamento e o coração voltados para ele. Muita gente no Brasil e no mundo também.”

[Caetano Veloso, 26/2/2018]




VERDADE TROPICAL
1a reimpressão 1997
Edição de 20 ANOS 2017

Wanderlino Nogueira Neto


ANTROPOFAGIA
Pág 241 (1997) // Pág. 255 (2017)

“… Oswald (de Andrade) – cujo nome eu só ouvira ser pronunciado duas vezes: por meu colega de classe Wanderlino Nogueira Neto no curso secundário, e naquela conversa entre Rogério (Duarte) e Agrippino (de Paula) sobre Panamérica - …”

PANIS ET CIRCENSIS
Pág. 278 (1997) // Pág. 288 (2017)

“… Eu tinha feito e dado para Gil musicar uma letra a que pus o nome de ‘Panis et Circensis …”

“… Não fui verificar (àquela altura nem saberia onde) se a expressão ‘Panis et Circensis’ estava na forma latina correta. Eu tinha uma vaga lembrança de uma conversa com Wanderlino Nogueira Neto, que foi quem, no curso clássico, me ensinou a famosa expressão, em que julguei ter aprendido que se trataba de dois substantivos no genitivo com função partitiva (como no francês “du pain et du cirque). Tenho uma memoria vívida desse solilóquio silencioso no 2002 e muitas vezes me envergonhei mais com essa lembrança do que com a constatação do erro em si. (Na verdade, a forma em que a expressão se fez famosa é ‘panis et circenses’, esta última palavra sendo um adjetivo que no plural, substantiva-se no significado de 'coisas de circo'.)…”

DIVINO, MARAVILHOSO
Pág. 328 (1997) // Pág. 332 (2017)

“… Wally (Salomão) me fora anunciado como João Gilberto: um colega do clássico (Wanderlino) me disse que eu, que gostava de coisas loucas, precisava conhecer um sujeito maravilhoso, um conterrâneo seu (da cidade de Jequié, no interior da Bahia) que tinha muito a ver comigo. Ficou de trazê-lho até o Severino Vieira (Wally estudava no Central) para fazer as apresentações. Depois de uns dois alarmes falsos, finalmente nos encontramos. Wanderlino falara-lhe também de mim. Wally não me decepcionou, mas me parece que, embora não o tenha desagradado, eu não o entusiasmei. Wanderlino sabia mais do que nós: em pouco tempo, Wally e eu tínhamos nos tornado amigos e somos atê hoje*. …


* Wally morreu em 2003, aos 59 anos.




Wanderlino Nogueira Neto também recebeu o Prêmio Direitos Humanos 2011 na categoria Garantia dos Direitos da Criança e do Adolescente concedido pela Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República.
Foto: Roberto Stuckert Filho/PR






Caetano Veloso em passeio com colegas do clássico. Início dos anos 1960.
Ao fundo, Neyla; mais à frente, Marina Bastos e Mabel Velloso; à direita, Wanderlino Nogueira Neto.
Foto cedida por Maria Izabel (Mabel), de seu acervo pessoal.
[Pág. 74, do livro CAETANO uma biografía]


Salvador, 10/5/2017 - Carlos Eduardo Drummond e Wanderlino Nogueira Neto

“O Brasil perdeu um grande brasileiro! Wanderlino Nogueira Neto foi promotor de justiça e membro do Comitê de Direitos da Criança na ONU. Colega de classe de Caetano Veloso, Wanderlino colaborou imensamente na pesquisa do livro "Caetano - Uma Biografia". Minha homenagem e gratidão eterna a esse homem extraordinário que tive a honra de conhecer e ter como amigo.” [Carlos Eduardo Drummond]


Salvador, 10/5/2017 - Wanderlino Nogueira, Marina Bastos.
A turma do clássico com Carlos Eduardo Drummond e Marcio Nolasco, autores do livro CAETANO uma biografia

Salvador, 10/5/2017 - Marina Bastos, Mabel Velloso e Wanderlino Nogueira Neto



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