martes, 6 de marzo de 2018

1975 - "CANSEI DE SACUDIR AS ESTRUTURAS"


FOLHA DE S.PAULO
Quarta-feira, 6/8/1975


SHOWS

CAETANO VELOSO – Canta as faixas de seus dois últimos e simultâneos LPs “Jóia” e “Qualquer Coisa”, no Teatro Bandeirantes. 

Estréia hoje, às 21 horas. Vai até domingo.

  




 




FOLHA DE S.PAULO
7/8/1975

Proibido LP com capa de Caetano nu

A Divisão de Censura do Departamento de Polícia Federal confirmou ontem, em Brasília, abertura de inquérito para punir os responsáveis pela feitura da capa do LP de Caetano Veloso, “Jóia”, na qual o cantor, mulher e filho aparecem nus. Além de –na opinião das autoridades- atentar contra o pudor e ofender a moral e os bons costumes, a capa não foi submetida a exame prévio da Censura. Já foi determinada sua apreensão nas lojas de discos.













 
 















1975
Revista POP
Agosto - n° 34
Editora Abril

Pág. 12


"CANSEI DE 
SACUDIR AS 
ESTRUTURAS"






 
 
 
 








FOLHA DE S.PAULO

Terça-feira, 26 de agosto de 1975

O DEPOIMENTO DE CAETANO VELOSO

Pág. 34

RIO (Sucursal) – Em depoimento que durou duas horas e quarenta e cinco minutos, Caetano Veloso e sua mulher Dedé disseram ontem, no Departamento de Ordem Política e Social da Superintendência Regional da Polícia Federal, que tiveram apenas “a intenção de mostrar uma família pura” ao posarem nus para a capa do LP “Jóia”, que foi censurada.

Os advogados Evaristo de Morais Filho e George Tavares, patronos dos artistas acusados de terem atentado contra o pudor público, alegam a inexistência do crime na pose para capa do disco. O depoimento foi tomado a partir das 14 horas.

ORIGEM DA IDÉIA

No cartório, acompanhados também, além dos advogados, por uma tia, Caetano (vestido com blusa branca bordada e calça Lee) e Dedé (esta aparentemente mais nervosa que ele) foram identificados primeiramente. Esta parte foi bem demorada, segundo o advogado George Tavares, que resumiu o depoimento dos artistas:

“O Caetano disse que teve a idéia da capa inspirado nas músicas do próprio disco que refletem canções cheias de simplicidade e que não tiveram nenhuma finalidade de atentar ao pudor, mas sim mostrar uma família em toda sua pureza”. E acrescentou:

“A Dedé disse que não levaria o filho dela para tirar uma fotografia imoral, e se deixou fotografar foi com mesmo propósito de manter-se em estado de natureza, simbolizando uma família pura”


Os advogados informaram que a gravadora Phonogram, que editou o disco com a tapa censurada e já substituída por outra, em que agora aparecem apenas três aves voando, também está sendo processada, tendo seus proprietários já prestado depoimento. Os advogados defendem apenas Caetano e Dedé no inquérito, que será sequência seguindo do DOPS do DPF do Rio de Janeiro para a Justica. “Se o promotor entender assim –como nós achamos- mandará arquivar o inquérito”.

George Tavares acha ainda que, “se nu do casal fosse considerado imoral ou criminoso, teríamos que recolher até a própia Santa Biblia ilustrada com as figuras de Adão e Eva. E também as pinturas sacras das maiores igrejas do mundo, que retratan Adão e Eva no paraíso terían de ser apagadas, para tristeza da humanidade”.

Acentua o advogado George Tavares que, “se formos observar a capa do disco, vamos ver que a esposa de Caetano Veloso está coberta, mais coberta do que Eva com a folha de parreira, o mesmo acontecendo a Caetano Veloso, comparado às pinturas que reproduzem Adão. Alli está uma família reunida de maneira simples”.

Terminado o depoimento, às 16h45, Caetano Veloso, Dedé e sua tia seguiram anônimos entre a multidão da rua Senador Dantas, onde fica a Superintendência Regional da Polícia Federal, uma das mais movimentadas da cidade. Sobre a capa do disco “Jóia”, Caetano declarou dias atrás a um matutino carioca que não entendeu bem a atitude da censura.

“Fiz uma pintura a lápis sobre uma foto minha, da Dedé e Moreno. Não posso entender o que viram de obsceno. Na minha opinião, não é sequer erótica. Muita coisa erótica circula por aí, e ninguém diz nada. Essa capa só tem um parente próximo que, é a capa com o disco de Paulinho da Viola, “Amor à Natureza” (*), que conserva o mesmo sentido que eu busquei. É a única imagem de que consigo me aproximar, apesar da diferença de estilo”.


Além desse incidente –que redundou na retirada dos discos de circulação, para que a capa fosse substituída- Caetano está bastante otimista com a moradia no Rio, no Leblon, neste inverno e o recente sucesso de seu espetáculo no Teatro João Caetano –“Caetano e o grupo Bendegó”, que já havia sido levado em São Paulo.

(*) 

  




Depoimento na Polícia Federal.








Foto: J. Ferreira da Silva






1975
Revista Amiga
TV Tudo
n° 278
17 de setembro de 1975


Acervo UH/Folhapress
















 


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