SAILORMOON,
Waly. Me
segura qu'eu vou dar um troço. Rio de Janeiro: José Alvaro Editor,
1972. 115 p.
"Como Waly era um
vulcão, Me Segura Qu'eu Vou Dar Um Troço não foi muito entendido na
época. Tinha uma narrativa seca, anárquica. É uma pena que o destino dos
visonários brasileiros seja esse: alcançar a compreensão só depois de sua
morte"
[Jorge Salomão]
São Paulo, terça-feira, 10 de fevereiro de 2004
LITERATURA
Marco da contracultura nos anos 70, "Me Segura Qu'Eu Vou Dar um Troço" é relançado pela Biblioteca Nacional
Subversão de Waly Salomão volta oficial
Marco da contracultura nos anos 70, "Me Segura Qu'Eu Vou Dar um Troço" é relançado pela Biblioteca Nacional
Subversão de Waly Salomão volta oficial
MÁRVIO DOS ANJOS
DA REDAÇÃO
DA REDAÇÃO
A reedição comemorativa de "Me Segura Qu'Eu Vou Dar um Troço"
-marco da contracultura nacional escrito pelo poeta, compositor e intelectual
Waly Salomão (1944-2003)- traz consigo um doce sabor de ironia, do ponto de
vista histórico.
O livro surge em 1972. Preso por porte de drogas, Salomão cumpre 18 dias numa cela no Carandiru, em São Paulo. Nesse cenário, cria, sob o pseudônimo Waly Sailormoon (o "Marujeiro da Lua"), sua obra de estréia, de caráter libertário, antiacadêmico, urgente. Publicado, rapidamente se esgota.
Corta para 2004. Editado pela Aeroplano em parceria com a Biblioteca Nacional, "Me Segura" vira celebração oficial -uma homenagem ao autor, secretário nacional do Livro morto em maio do ano passado, pouco depois de ser empossado pelo ministro da Cultura, Gilberto Gil.
De subversão a patrimônio, "Me Segura" ganhou edição de luxo em capa dura, admiradores famosos e a chance de demonstrar sua atualidade, como afirma a diretora da Aeroplano e professora da UFRJ, Heloísa Buarque de Hollanda, que organizou a obra.
"Me Segura'" permanece atual por seu valor especificamente literário. Pela invenção contínua de estruturas poéticas poliédricas, pelo trabalho no limite entre os gêneros literários e, principalmente, pela força de uma imagética fascinante e brutal no seu melhor sentido", diz Hollanda.
Para atestar sua atemporalidade, o relançamento hoje, no Leblon (zona sul do Rio), conta com presenças de cabeças de vários tempos: poetas como Antonio Cicero (que escreve o ensaio introdutório), Eucanaã Ferraz e Chacal, e músicos como Caetano, Gil, Adriana Calcanhotto, O Rappa e Jards Macalé, entre outros.
No trabalho de reedição, houve a preocupação de mostrar que o livro pertence ao seu tempo. O novo projeto gráfico e a organização tiveram a mão de Luciano Figueiredo, co-autor da capa original de 72. Foi mantida a foto que retrata Salomão e o colunista da Folha José Simão (em vastas cabeleiras e bocas-de-sino) na praia de Copacabana, ao lado da menina Rubia Mattos, que vivia no morro de São Carlos.
"Participei de muitos episódios desse livro, nós éramos como irmãos. Acho que é um retrato essencial e pulsante dos anos da repressão, quando você tinha a coisa da luta armada mas também tinha a luta da cultura underground. É como relançar "On the Road", do Kerouac", diz Simão.
Sobre a capa, Figueiredo vai além: "A própria presença do autor, segurando uma faixa com a palavra "Fa-Tal", é uma situação experimental daqueles anos", diz o artista, hoje diretor do Centro de Artes Hélio Oiticica.
A experimentação nas reflexões vem em torrente, num verso libertário e liberado, que flerta com a prosa e vice-versa. "Uma liberação da escritura", como o próprio Salomão afirmaria depois.
"É o manifesto de uma pessoa só", diz o poeta Armando Freitas Filho, "não apenas literário, mas de posicionamentos e costumes".
Uma escrita que, para Hollanda, não precisa de uma definição à parte. "Trata-se de poesia pura. Ainda que sempre brincando com os limites entre poesia e prosa, a obra de Waly é poesia em estado de alerta, 24 horas por dia."
O livro surge em 1972. Preso por porte de drogas, Salomão cumpre 18 dias numa cela no Carandiru, em São Paulo. Nesse cenário, cria, sob o pseudônimo Waly Sailormoon (o "Marujeiro da Lua"), sua obra de estréia, de caráter libertário, antiacadêmico, urgente. Publicado, rapidamente se esgota.
Corta para 2004. Editado pela Aeroplano em parceria com a Biblioteca Nacional, "Me Segura" vira celebração oficial -uma homenagem ao autor, secretário nacional do Livro morto em maio do ano passado, pouco depois de ser empossado pelo ministro da Cultura, Gilberto Gil.
De subversão a patrimônio, "Me Segura" ganhou edição de luxo em capa dura, admiradores famosos e a chance de demonstrar sua atualidade, como afirma a diretora da Aeroplano e professora da UFRJ, Heloísa Buarque de Hollanda, que organizou a obra.
"Me Segura'" permanece atual por seu valor especificamente literário. Pela invenção contínua de estruturas poéticas poliédricas, pelo trabalho no limite entre os gêneros literários e, principalmente, pela força de uma imagética fascinante e brutal no seu melhor sentido", diz Hollanda.
Para atestar sua atemporalidade, o relançamento hoje, no Leblon (zona sul do Rio), conta com presenças de cabeças de vários tempos: poetas como Antonio Cicero (que escreve o ensaio introdutório), Eucanaã Ferraz e Chacal, e músicos como Caetano, Gil, Adriana Calcanhotto, O Rappa e Jards Macalé, entre outros.
No trabalho de reedição, houve a preocupação de mostrar que o livro pertence ao seu tempo. O novo projeto gráfico e a organização tiveram a mão de Luciano Figueiredo, co-autor da capa original de 72. Foi mantida a foto que retrata Salomão e o colunista da Folha José Simão (em vastas cabeleiras e bocas-de-sino) na praia de Copacabana, ao lado da menina Rubia Mattos, que vivia no morro de São Carlos.
"Participei de muitos episódios desse livro, nós éramos como irmãos. Acho que é um retrato essencial e pulsante dos anos da repressão, quando você tinha a coisa da luta armada mas também tinha a luta da cultura underground. É como relançar "On the Road", do Kerouac", diz Simão.
Sobre a capa, Figueiredo vai além: "A própria presença do autor, segurando uma faixa com a palavra "Fa-Tal", é uma situação experimental daqueles anos", diz o artista, hoje diretor do Centro de Artes Hélio Oiticica.
A experimentação nas reflexões vem em torrente, num verso libertário e liberado, que flerta com a prosa e vice-versa. "Uma liberação da escritura", como o próprio Salomão afirmaria depois.
"É o manifesto de uma pessoa só", diz o poeta Armando Freitas Filho, "não apenas literário, mas de posicionamentos e costumes".
Uma escrita que, para Hollanda, não precisa de uma definição à parte. "Trata-se de poesia pura. Ainda que sempre brincando com os limites entre poesia e prosa, a obra de Waly é poesia em estado de alerta, 24 horas por dia."
SAILORMOON,
Waly.
Me segura qu'eu vou
dar um troço. Rio de Janeiro: Aeroplano, 2ª. Edição, 2003. 208 p.
Reedição de luxo em capa dura.
Reedição de luxo em capa dura.
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