lunes, 18 de febrero de 2013

1999 - Revista SHOPPING MUSIC - Entrevista


1999
Revista SHOPPING MUSIC

O Brasil se rende a
CAETANO
Um dos maiores ídolos da
MPB cai no gosto popular e
entra para o rol dos grandes
vendedores de discos

Nbo Editora
ANO 3 – nº 28
JUNHO/99



Matéria da Capa

Doce Camaleão


Em entrevista exclusiva à SHOPPING MUSIC, Caetano Veloso dá trégua ao lado ferino de sua personalidade e revela-se um cara simples que curte passear com a família e comer goiaba no pé

Entrevista à SHOPPING MUSIC
Flávia Rebouças

Antes de ler estas páginas, trate de se livrar dos estereótipos que rondam o nome Caetano Veloso. Aqui, o cara polêmico e contestador dá lugar ao baiano de fala mansa e sorriso aberto, que gosta de bater longos papos e sabe ser extremamente doce, quando quer. Contrariando a fama de exibicionista que lhe persegue, Caetano se mostrou muito afetuoso ao nos receber para essa conversa na sede da gravadora Universal, no Rio de Janeiro. "Não sei de onde vem esse mito. Gosto muito de conversar, de dar entrevistas. Talvez seja porque costumo discutir meus pontos de vista com muita veemência", explica, quando questionado a respeito.

É claro que parte dessa fama tem sua razão de ser. Afinal, ele sempre procurou fugir do óbvio, do previsível. Há décadas, vem sacudindo a MPB com atitudes surpreendentes, frases de efeito e, claro, com sua música. Ao lado do eterno parceiro Gilberto Gil liderou, no fim dos anos 60, a Tropicália, uma das maiores revoluções culturais que acometeram o País. Se auto-exilou em Londres, em protesto a censura imposta pelo regime militar, desafiou os conceitos de bom gosto interpretando clássicos do brega, criou polêmica ao dedicar um disco aos homossexuais - o Araçá Azul, de 1973 - e afrontou os bons costumes com seus sarongues, saias e bustiês, ao longo de seus 57 anos de vida. Tais atitudes lhe renderam uma legião de admiradores e, também, um punhado de críticos obstinados em provar que tudo não passa de autopromoção.

Caetano é assim mesmo. Desperta amor ou ódio nas pessoas, jamais indiferença. Após tanto tempo de estra­da, ele continua a atrair todos os holo­fotes para si sempre que lança um novo trabalho ou aparece em público. Prenda Minha, seu disco mais recente, é prova disso. Impulsionado pelo sucesso da canção "Sozinho", de Peninha - que faz parte da trilha sonora da novela global Suave Veneno-, o álbum lançado no fim do ano passado acaba de alcançar 1 mi­lhão de cópias vendidas, feito inédito para Caetano que apesar de figurar entre os mais populares artistas da MPB nunca foi um grande vendedor de discos. De sua extensa discografia (34 álbuns), o trabalho mais bem-sucedido nas até então havia sido o álbum de canções latinas Fina Estampa (94) que contabilizou 300 mil cópias.

O que mais anima o cantor nessa boa fase de sua carreira não são os dados de vendagem, nem tampouco o megasuces­so. "É claro que fico envaidecido por algo assim estar acontecendo a essa altura da minha vida, porém, o que mais me estimula é ver que ‘Sozinho’ está ajudando a quebrar essa coisa da segmentação das rádios", afirma. "Emissoras que, há tem­pos, não tocavam dinossauros como eu, tiveram de voltar a fazê-lo porque a músi­ca conquistou não só o público consumidor de MPB, mas também os ouvintes das rádios populares, de axé, pagode..."

É verdade. Há três meses, "Sozinho" vem liderando as paradas radiofônicas. E o mais curioso é que a canção foi incluída no repertório do disco por acaso. Caetano conta que costumava ouvi-la na voz de Sandra de Sá e que tinha uma vontade enorme de cantá-la. A idéia tomou forma quando ele soube que se tratava de uma composição de Peninha, autor de outro grande sucesso de sua carreira: "Sonhos", gravada nos anos 80. "Quis homenagear Peninha mais uma vez e resolvi incluir a obra em Livro Vivo - show que deu origem ao disco Prenda Minha - , mas costumo dizer ao meu público que a interpretação de Sandra é tão linda e, sobretudo, a gravação de Tim Maia é tão perfeita, que não estou cantando, estou apenas mencionando a música." Bom, pelo jeito a "menção" caiu em cheio no gosto popular.


A "Retropicália"

A vida e obra de Caetano Veloso fundem com a própria história da música popular brasileira nos últimos 30 anos. Esse baiano, natural de Santo Amaro da Purificação, marcou presença nos acontecimentos mais significativos da MPB e ainda hoje é um dos responsáveis pela renovação e sobrevivência do gênero. Suas música vem influenciando gerações e seu canto revelou diversos autores contemporâneos, casos de Carlinhos Brown ("Meia Lua Inteira") e Cazuza ("Todo o Amor que Houver Nessa Vida"), só para citar alguns. Mas, apesar de seu nome estar estreitamente ligado ao universo musical, Caetano afirma que jamais se decidiu pela música e que ainda hoje tem suas dúvidas.

"Não sou assim como João Gilberto, Gil, Djavan, que nitidamente nasceram para tocar e compor. Gosto de muita coisa: escrever, desenhar, dirigir filmes... Acho que foi a música quem se decidiu por mim", brinca. O cantor já enveredou pelos mais diversos caminhos da arte. Em 77, publicou o livro Alegria, Alegria, em comemoração aos vinte anos da música homônima que impulsionou sua carreira. Vinte anos depois, volto à literatura com Verdade Tropical, lançado em 97, uma autobiografia não-linear. A veia de diretor cinematográfico foi mostrada em Cinema Falado, de 86, e a habilidade com traços e cores pode ser conferida nas capas do LP Bicho (77) e do CD Livro (97).


Dentre todas as artes, o cinema ocupa, ao lado da música, a preferência de Caetano. Autor de diversas trilhas sonoras para a telona, casos de Tieta (95) e Orfeu (98), ele acalenta o desejo de voltara dirigir filmes. "Cinema é tão bacana, pena que seja tão complicado. Fazer música é fácil, você pega o violão e pronto. Já fazer filmes implica em toda aquela burocracia: levantar fundos, pré- produção... Exige muito tempo e energia." Como bom baiano que é, o cantor conta que tem planos de rodar um longa sobre a cidade de Salvador, tendo a cantora Ivete Sangalo em um dos papéis principais. "Tenho até um americanos se interessaram em patrocinar e você sabe como eles são chatos com essa coisa de achar que sabem tudo, que têm a metodologia. Acabei desistindo por ora."



Pois é, os tais "chatos" têm reverenciado o talento do músico brasileiro com tanta freqüência que Caetano virou objeto de culto na Terra do Tio Sam entre os intelectuais de vanguarda. Recentemente, o New York Times, publicou um artigo exaltando a Tropicália e se referindo a ele e a Gil como os maiores profetas da contracultura brasileira. Na cola do mais influente jornal americano, outras publicações especializadas em música também têm dedicado páginas ao movimento. Na opinião do homenageado, toda essa "retropicália" tem sua razão de ser. "Não me surpreendo em saber que o que fizemos nos anos 60 só tenha encontrado atenção lá fora hoje. A Tropicália é muito difícil de ser entendida por estrangeiros porque não se trata de um estilo musical definido e sim de atitude. E tais atitudes estão intimamente ligadas ao panorama cultural brasileiro daquela época", explica.

Polemista, sim!

Para quem não presenciou os frutíferos anos 60, vale lembrar que a Tropicália foi o movimento mais revolucionário ocorrido na MPB. Com a proposta de resgatar tudo o que já havia sido produzido de bom no cenário da música mundial, os tropicalistas cho­caram a sociedade conservadora da época com atitudes ousadas tais como romper as barreiras da música brega e incorporar a guitarra elétrica a MPB. A síntese do movimento está no álbum Tropicália ou Panis et Circencis (Pão e Circo), lançado em 68, no qual Caetano, ao lado de Gilberto Gil, Nara Leão, Gal Costa, Tom Zé, Rogério Duprat e Os Mutantes - grupo formado por Rita Lee e os irmãos Sérgio e Arnaldo Dias Baptista -, declarava ode aos padrões de comportamento vigentes.

A ligação com Gil e Gal teve início nessa década e rendeu muitos encontros isolados até o projeto coletivo Doces Bárbaros (76), que contou ainda com a participação da irmã Maria Bethânia. Aliás, as parceria são uma constante na vida do compositor baiano. Ele já tocou e compôs ao lado dos maiores expoentes da nossa musica e fez dueto com diversos artistas da nova geração, o que lhe valeu o rotulo de arroz-de-festa. Sempre atento às informações vinda de toda parte do mundo, Caetano não está nem aí para os intelectuais que apontam a música de vanguarda como sintoma de empobrecimento cultural. “Eles criticam o axé porque vende muito, o nmangue bit porque não vende. Não entendo. Axé, por exemplo, é música de carnaval em bom estado de saúde, nada mais. As marchinhas e sambas do passado também tinham duplo sentido, refrões fáceis...”

A verdade é que poucas pessoas são capazes de transitar com tanta naturalidade entre o novo e o velho quanto Caetano. Sem se prender a rótulos ou opiniões arraigadas, ele vai, como uma antena, captando passado, presente e futuro e traduzindo-os em música, livro, filme e o que mais lhe vier a cabeça. Isso faz com que seu publico seja formado, boa parte, por jovens fascinados pela bagagem e, ao mesmo tempo, pela alma adolescente do cantor.

O lado menino transparece na maneira apaixonada com que Caetano defende seus pontos de vista. Não é novidade para ninguém que ele vive as turras com a imprensa que insiste em conferir interpretações à suas atitudes. "Não devo nada à imprensa, por isso, não me submeto ao que publicam erroneamente a meu respeito. Como que um órgão de imprensa que se diz respeitável pode sair rotulando as pessoas como bem quer? Pois e isso que acontece com alguns veículos brasileiros. É irresponsabilidade", esbraveja.


Sempre foi assim. Tudo o que Caetano faz ou fala, virá notícia. E o pior é que ele não poupa assuntos-tabu. Suas declarações bombásticas a respeito de drogas, sexualidade, religião e politica já renderam muita discussão. As próprias letras de suas músicas são suficientes para causar poêrnica, casos de "Eu Sou Neguinha?", "Branquinha" ("vem, seduz este mulato franzino, menino, destino de nunca ser homem não...") e "Cajuína", três canções que botam lenha no mito da ambigüidade sexual que o acompanha, assunto que Caetano resume na seguinte frase: "A felicidade completa é conseguir fazer coincidir prazer físico com aprovação moral."

Algumas de suas composições são válvula de escape para temas que ele prefere não abordar em público, tais como politica. O distanciamento das questões politicas lhe custou a imagem de alienado, o que é incoerente em se tratando do autor de "Podres Poderes", "Gente", "A Voz do Morto" ("eles querem salvar nossas glórias nacionais coitados..."), "Haiti", entre outras músicas.

Todas as cores do camaleão

Longe dos holofotes, Caetano Veloso é um "pai de família normal", como ele mesmo diz. Gosta de estar com os filhos Zeca, de 7 anos, e Tom, de 2 anos, frutos de sua união com Paula Lavigne. Também se diz muito ligado ao filho mais velho, Moreno, de 26 anos, de seu casamento com a atriz Dedé Veloso. "Adoro conversar com meus filhos, colocá-los para dormir, ajudar nos deveres de casa, coisas assim." Para Caetano, a família sempre teve importância fundamental, tanto que, todo mês de fevereiro, ele e a irmã Bethânia voltam à casa da mãe em Santo Amaro para participar das festas religiosas, ocasião em que os oito filhos de Dona Canô se reúnem.

Quem presenciou Caetano assumin­do seu ateísmo publicamente, deve estar estranhando a mudança brusca de opinião. Na verdade, o cantor continua se afirmando ateu, mas "é um ateísmo saudável", que, segundo ele, não impede que seus filhos sejam batizados con­forme os ritos da Igreja Católica. Caetano diz respeitar as áreas sagradas de cada religião, mas se sente muito incomodado com o fato das pessoas usarem Deus como muleta para todas as suas ações. "Se houver algum Deus, Ele há de entender todos os questionamentos que envolvem seu nome, porque isso é ho­nestidade consigo mesmo. O resto é fanatismo", filosofa.

A porção bom-moço não se restringe ao relacionamento corn a família. Caetano não fuma, quase não bebe e nem faz uso de drogas por uma questão meramente orgânica. "Não me faz bem", diz. Ele conta que já bebeu muito, mas chegou a conclusão de que a ressaca era sempre bem maior do que o barato por isso decidiu maneirar. A mesma teoria se aplica às drogas como maconha e cocaína das quais ele afirma jamais ter sido usuário. "Já experimentei, na década de 70, e não gostei. A maconha me dá uma sensação de angústia e a cocaína deixa as pessoas insuportáveis." Na sua opinião, a cocaína é uma das piores coisas que já aconteceram à nossa sociedade, tanto por seus efeitos colaterais quanto pela subcul­tura do tráfico que a droga alimenta.

Surpreso com tais declarações? Pois é, Caetano é mesmo imprevisível. Quando se espera tempestade, vem um mar de doçu­ra, quando se conta com a doçura, vem a fúria. A melhor definição para esse ca­maleão foi dada por ele mesmo na canção "O Quereres" ("onde queres revólver sou coqueiro, onde queres dinheiro sou paixão, onde queres descanso sou desejo e onde sou só desejo queres não...").

É por ser surpreendente que Caetano se tornou uma das figuras mais interesantes da nossa MPB. Nasceu para brilhar. Ainda que nunca tivesse escrito uma canção, nem composto uma nota, sua voz pequena, porém melódica, teria o coloca­do entre os grandes intérpretes brasileiros. O sucesso de "Sozinho" é a maior prova disso. Deixemos de lado as polêmicas que envolvem o mito e, conforme já dizia Djavan na música "Sina", vamos apenas caetanear o que há de bom...


Caetano Veloso em todos os sentidos

Imagem: a praça da Purificação em Santo Amaro com as luzes acesas
Cheiro: de goiaba no pé
Gosto: de goiaba de vez
Som: a voz de João Gilberto
Sensação: entrar na água do mar do Porto da Barra, em Salvador
Disco: Chega de Saudade, de João Gilberto
Música: “Chega de Saudade”
Sonho: todas as realizações possíveis dentro da vida
Medo: do inferno que a gente mesmo cria, da angústia absoluta
Mulher: Ava Gardner, Dona Canô, Paula Lavigne e Dedé
Homem: meu pai Zeca, Alain Denon e Dorival Caymmi
Felicidade: fusão do prazer físico com a aprovação moral


*colaborou Ayrton Mugnaini Jr.




 
 
CD Universal Music SM 025

Nesta edição da revista SHOPPING MUSIC estamos trazendo uma surpresa pra você: uma entrevista especial com Caetano Veloso que depois de trinta e cinco anos de carreira comemora a venda de um milhão de copias vendidas de seu CD PRENDA MINHA que traz o sucesso do momento a música SOZINHO. Ouça agora Caetano Veloso falar sobre sua vida, sua música e sua obra.
Oi, Caetano. É um prazer falar com você.
É um prazer pra mim. É bom estar aqui pra conversar pro pessoal escutar a gente conversando
Como nasceu o CD PRENDA MINHA? O disco já vendeu um milhão de copias e em trinta e cinco anos de carreira isso nunca tinha acontecido com um trabalho seus.
O CD PRENDA MINHA nasceu do show do disco LIVRO: o show chamava LIVRO VIVO mas eu quis que esse disco ao vivo tivesse as canções que não ‘tavam no LP LIVRO né no CD LIVRO, que eram canções novas na maioria né e eu queria que o disco, que fosse ao vivo, trouxesse a presença do show como foi feito referente ao disco LIVRO mas que apresentasse as canções que você não podia ouvir no outro disco. Assim que nasceu PRENDA MINHA. De quantidade de discos vendidos é uma situação inédita pra mim, eu não tinha essa experiência, agora eu gosto né, fico feliz de ver o disco vendendo bem.
Como pintou a música SOZINHO?
Pintou eu que ouvia no rádio muitas canções de Sandra de Sá que achava muito bonitas, eu adoro a gravação dela e acho a canção A GRANDE CANÇÃO, ficava fascinado pela canção e queria cantar, penso assim o próximo show que eu fizer na hora que estiver sozinho com o violão eu vou cantar essa música. Então eu, quando fiquei sabendo que SOZINHO era do Peninha fiquei com mais vontade ainda de cantar no show.
Você já cantou varias música de compositores que são considerados como BREGA. Qual é a definição de Brega na sua opinião?
Brega na Bahia, que é de onde vem a palavra, significava zona de prostituição. Alias, a primeira vez que essa palavra se tornou conhecida nacionalmente foi através de uma canção de Antonio Carlos e Jocafi que dizia (cantarola): “...fui dançar naquele brega /nunca mais sai de lá”, fez sucesso nos Setenta quando eu tava em Londres, nos inicio dos anos Setenta, quando Antonio Carlos e Jocafi eram um grande sucesso e havia muita censura no País e a palavra “brega” na Bahia era um palavrão, você não dizia, em casa de família não podia botar numa canção. Mas as canções não eram censuradas em Salvador, sim em Brasília e no Rio. Algumas pessoas começaram a usar para caracterizar música de prostíbulo, música sentimental, essas canções sentimentais que são os que mais tocam em prostíbulo tradicionalmente; então essas músicas eram chamadas música “de brega”, ai começaram a dizer “brega” como se fosse um adjetivo; depois se estendeu pra toda a música que fosse considerada de mal gosto, ou sentimental ou meramente muito popular e não de elite, terminou virando um conceito mais geral assim de música não “elitizada”. Agora, eu sou tropicalista né, quer dizer, comecei com desrespeitar essas demarcações em 1966 então, quer dizer, já sou zelo e vezelo desse negócio.
Discos ao vivo tem feito muito sucesso ultimamente. A que você atribui isso?
Olha, eu não sei. Eu acho que disco ao vivo tem uma vantagem: de trazer uma espontaneidade que os discos de estudo não trazem e isso o publico sente e gosta; eu, nesse ponto, sou igual ao público, eu também eu gosto muito; porém às vezes eu sinto falta de coisas que a gente pode fazer no estúdio, e os discos de estúdio são mais elaborado e o som é mais controlado, então a gente pode fazer mais, experimentar mais nos discos de estúdio e ser mais espontâneo nos discos de show. Agora, eu vou dizer, porque que tantos discos de show fazem sucesso, eu não posso dizer que haja uma regra geral porque o meu disco, por exemplo, que tá fazendo um grande sucesso, ele é totalmente diferente dos outros discos ao vivo que foram feitos e que fizeram também grande sucesso porque os outros todos se baseiam justamente na repetição ao vivo de um repertorio já conhecido no disco feito no estudo; e o meu disco Prenda Minha não! Ele é tudo de um repertorio que não estava no disco de estudo; então seria pra ser uma exceção à regra, mas não foi ele não só confirma como até supera, né, a venda dos discos ao vivo, ultimamente.
O que você acha do tropicalismo voltar a ser tão comentado hoje em dia?
Eu acho natural numa certa metida, mas eu fico felizmente surpreso com o fato de finalmente isso ter acontecido, porque poderia nunca acontecer, que era esses produtores e críticos de música, da música mais interessante, norte-americana e européia como também japonesa, se tenham interessado pelo que nos fizemos aqui nos final dos anos Sessenta, os Tropicalistas porque o que nós fizemos realmente era muito ambicioso, intelectualmente do ponto de vista da produção de música popular; era uma coisa sem igual na época, entendeu, havia um grau de consciência e uma sagacidade de ação que realmente era pioneira e superior a tudo o que se fazia no mundo naquele período; naturalmente era o período dos Beatles e dos Rolling Stones ou seja, justamente coisas desse tipo estavam sendo feitas em alto nível porem a abrangência critica que o tropicalismo se impunha era mais ambiciosa do que aquela que os Beatles podiam se impor e aquela que os Rolling Stones podiam se impor, mesmo Frank Zappa podia se impor. Eu lembro que John Lennon, quando brigou com os Beatles tentou vociferar, gritar algumas formulações que essas sim eram bem próximas da atitude dos tropicalistas mas chiando com fatos de não encontrar entre os colegas dele entendimento pra essas idéias e nem no mercado uma possibilidade de coloca-las de uma maneira viva, enquanto nós aqui no Brasil, de fato, estávamos fazendo isso ele fizeram uma coisa absolutamente maravilhosa esses dois grupos ingleses que deram uma virada na historia do rock, que o rock era lixo, era considerado lixo, por tudo mundo, por quem fazia, por quem comprava, por quem não comprava. Esses ingleses no final dos anos Sessenta, na metade dos anos Sessenta, é que viraram essa qualificação do rock, né, revolucionaram essa visão crítica do rock'n'roll e nós aqui no Brasil fizemos uma coisa mais abrangente que era um comentário a respeito não só disso que se tinham passado como rock, mas com tudo que se passava com a música popular enquanto fenômeno de massas da sociedade industrial; ora, o Brasil é um país industrial, industrializado, porém em grande parte não, ele guarda grande bolsões de realidade social pré-industrial, então havia uma desvantagem da situação dos brasileiros mas ao mesmo tempo uma vantagem porque a nossa situação sendo mais complexa e havendo pessoas inteligentes suficientemente para encarar essa complexidade terminou produzindo uma coisa que hoje os críticos americanos e os músicos de vanguarda americanos e ingleses e alguns japoneses e muitos europeus reconhecem como tendo sido realmente pioneira, uma coisa pioneira em relação a tudo que se faz de mais novo hoje mesmo lá.
O Brasil desde a Tropicália não conseguiu levar a música brasileira lá pra fora. Só em raras exceções não tem mais um movimento. Será que falta atitude?
Não, não. Olha. A Tropicália só agora tá encontrando uma tensão fora do Brasil, porque é uma coisa muito difícil de ser entendida por não brasileiros. Só agora tá sendo entendida lá fora. Mas antes da Tropicália e depois da Tropicália houve coisas que tiveram uma presença de grande importância no mundo e que saíram do Brasil: a primeira foi a Bossa Nova que fez com que a música brasileira passasse a ser respeitada como música de alta extração em todos países do mundo e depois a confirmação que veio através figuras da minha geração, sobretudo Milton Nascimento. O Milton Nascimento é respeitado como um grande músico pelo grandes músicos da nossa geração pelo mundo inteiro, os maiores músicos de jazz. Tantos pessoas mas velha do que nós, quantos pessoas da nossa geração, quanto pessoas mais novas do que nós, do jazz e pessoas do rock sofisticado como Sting, ou os meninos do Yes, e essa gente toda do jazz-fusion que é mistura do rock com jazz, como Weather Report, essa gente toda cultuou e cultua Milton desde que ouviu ele pela primeira vez, toda essa gente tem Milton em altíssima conta ou seja ele é um musico brasileiro que ocupou um lugar assim no respeito dos grandes músicos do mundo como só Tom Jobim tinha conseguido antes.
Caetano, você gostou de fazer direção de filme?
Sem duvida. Eu fiz aquele filme do qual gostei muito, o CINEMA FALADO. Gostei muito de fazer e revi não faz muito tempo em São Paulo e achei o filme muito bom, mas acontece que não é tão bom quanto livro, porque também foi um filme para eu experimentar se eu podia mexer com o meio, com esse meio de expressão que é o cinema e eu vi que pra mim era muito fácil, foi muito fácil dirigir o filme, fluiu com uma naturalidade enorme. Agora, pra fazer um filme você tem que tirar um tempo enorme de sua vida, se dedicar a levantar o financiamento, a planejar a pré-produção. Eu fiz aquele filme da maneira mas precária, com pouco dinheiro, fazendo um takes-off sô; então, se quiser fazer um pra valer, filmando varias vezes, vou ver que demorar mais tempo; eu tenho muitos amigos cineasta e fico assustado com o tempo que eles esperam. Dois anos, dois anos e meio com aquele mesmo projeto na cabeça e as filmagens no meio interrupta porque faltou dinheiro e retoma, eu não sei que, cinema é um negócio tão bacana mas é tão complicado pra fazer, depois a distribuição, as salas de exibição tinham diminuído em número, agora voltaram a crescer por outras razões, por causa do SHOPPING, mas é outro tipo de público, são tantas complicações e a música popular é um negócio fácil de fazer, pega o violão e faz, se tiver que gravar, grava mas se não tiver a música existe, tá feita, a obra tá pronta. O filme não, o filme precisa de ser um produto industrial acabado.
Se um dia você decidir por fazer um novo filme, tem algum tema que você gostaria de abordar?
Tem, a cidade de Salvador. Até já escrevi um roteiro, a partir de uma peça do Teatro do Bando do Olodum que se chama O, PAI O, a peça que eu gosto muito e eu queria de fazer com os atores de teatro do Bando do Olodum mesmo; transformei em roteiro, trabalhei a beça, roterizei com dois amigos meus, depois decupei com uma amiga minha que é diretora de cinema também pra já planejar todo as filmagens, plano a plano, mais o negócio da produção, entraram os americanos que queriam..., eles querem dizer como é que você deve fazer, porque eles são muito treinados naqueles filmes americanos que aparentemente são todos bem feitos, não são, mas fingem que são, então terminei me aborrecendo, desistindo. Eu gostaria de fazer a um filme, eu fui assistir a um ensaio da Ivete Sangalo quando ainda ‘tava na Banda Eva, ela ensaiou pra sair no Trio Elétrico do Gil, o ano do aniversario do Tropicalismo, que o Gil fez um trio elétrico para o carnaval da Bahia, e achei a Ivete Sangalo no ensaio tão genial, era tão musical, ela tem um domínio tão grande dos arranjos, e sabe tudo o que se passa com todos os instrumentos, tanto na harmonia como na percussão, ela uma mulher bonita. Então fiquei com uma vontade louca, logo naquela hora fiquei assistindo sentado o ensaio dela, imaginando um filme com ela, que ela tivesse... fosse uma historia entre ela e um preto que tocasse na Archibalada, no Olodum, a historia com um negão assim.
Você gosta de Carnaval?
Sou louco por Carnaval. Eu adoro Axé music justamente porque é música de carnaval. Eu adoro a música de carnaval carioca que morreu no inicio dos anos Sessenta e deixaram de fazer, só tem os sambas-enredos das escolas, mas isso não é a mesma coisa das marchinhas do sambas maravilhosos do passado, que eu sempre adorei, adoro as marchinhas de Emilinha Borba, Dircinha Batista, Linda Batista, Marlene, todas aquelas músicas incríveis, muito aparecida com aquela que se faz hoje com letra de duplo sentido, quase pornográfica... mas é carnaval, entendeu e sempre foi assim; muita música é aparentemente tola, com refrões fáceis de repetir, hoje o pessoal fala um grande clássico A-la-la-ô, mas o que é A-la-la-ô.
As trilhas são uma maneira de você se aproximar do que você gosta que é cinema?
Bom, é uma oportunidade. Quando eles me chamam é bom porque assim acompanho a montagem, às vezes assisto a filmagens, leio o roteiro, converso sobre o filme com o diretor, muitas vezes fica muito bom... Mas às vezes a gente tem muitas idéias que o diretor termina não aproveitando porque ele vê outra maneira, muda tudo, tira o negócio que a gente fez, bota em outro lugar... sempre é frustrante também. E acontece muito no filme, mesmo tem muito disso.
E sobre o Orfeu? No geral, você gostou do filme?
Como painel é um dos maiores filmes já feito no Brasil. O painel da favela carioca com as figuras, as atuações dos personagens, dos policiais, dos traficantes, o lugar onde o Orfeu se movimenta, e o traficante que é amigo e inimigo dele, tudo isso no filme é de uma grandeza extraordinária, e o carnaval que nunca apareceu no cinema brasileiro nem de longe como aparece nesse filme; então tudo isso vem da força do Cacá ter se adestrado muito fazendo filmes, aprendeu muito a fazer, então agora já sabe come ficou comprovado em Tieta que pra mim é um filme superior como integridade de uma obra assim. Embora o Orfeu seja um filme bem mais produzido, com som melhor, a fotografia melhor, o dinheiro mais bem aplicado, mais racionalmente planejado. E o Orfeu tem essa coisa que Tieta não tem, e que é uma coisa profunda da vocação do Brasil, que é essa identificação com o Orfeu, que é a vocação pela música para todos, uma música irresistível ou seja a música popular. Então eu não tenho dúvida que isso é profundo no Brasil. Eu gostei muito do resultado da feitura do Orfeu sobretudo nesse aspecto ao que me referi e acho também que, bom, o Toni Garrido ele é tão lindo, ele tem um olhar tão puro, um jeito, uma boca tão bonita e um estado de alma tão despretensioso, tão puro que ele faz um Orfeu assim cem por cento poético. Então isso confirma esse aspecto, pra mim, que é mais profundo, que vai pra alem do painel sociológico que o filme apresenta de uma maneira espetacular, que é essa vocação profunda da obra brasileira, para com a música popular; então a figura do Toni com aquele jeito dele, simples, e aquela beleza dele com as canções naquela situação, isso também dá uma dimensão poética muito boa ao filme... mas, do meu ponto de vista, do trabalho da musica, eu achei que fiz até canções, fico muito orgulhoso com Samba-enredo, quando aparece o carnaval todo mundo cantando na rua parecendo que é um carnaval de verdade com meu samba sendo cantado, é um lindo samba-enredo, parece um samba-enredo mesmo só que muito bonito, ligado aos sambas de enredo tradicionais... é bacana; e o samba de a música de amor, eu achei que saiu muito bonita, muita parente das musicas que Tom e Vinicius fizeram na época da peça, então isso é motivo pra me orgulhar, mas acho por exemplo que na hora que eles mixaram nos Estados Unidos, a mixagem é brilhante, o som do filme é perfeito, não se perde nada, detalhes do modo das pessoas falarem, nada, nunca vi um filme brasileiro com som, nem a metade, tão bom quanto esse. No entanto, a opção estética da mixagem do Samba de amor eu acho que é muito realista, eu acho que invés de manter a canção pra frente pra você sentir que o filme é musical e que se trata de um musical não, dá mais importância que umas personagens secundárias estão falando, o que a mãe fala na hora que joga os búzios, o ruído dos búzios, o que a ex-namorada fala, entendeu, do que pra se ouvir a musica, eu acho isso errado no filme, eu acho que isso enfraquece o aspecto propriamente de Orfeu sendo musico, ser centro de tudo aquilo, que é uma parte que é menos forte no filme, embora o filme seja, esteja inclusive o arrebentando na bilheteria porque realmente o filme é muito bom. Como estava lhe dizendo, muitas vezes a gente gosta de fazer musica, acha que saiu bonito, mas se, por exemplo, fosse dada a mim a decisão final aquela seqüência eu não mixaria daquela maneira, de forma nenhuma, eu disse isso a Caca.
Você tem tido muitos êxito no exterior, tanto de público quanto de crítica. Você um dia imaginou que isso aconteceria com você?
No princípio eu não entendia como é que uma canção minha, ou minha gravações podiam interessar alguém que não falasse português. Achava que não tinha nenhum apelo, nem musical nem de qualidade de acabamento pra interessar uma pessoa que não entendesse as letras; mas depois me acostumei. Tanta gente de língua estrangeira que gosta dos meus discos sem entender o que eu falo, e tanta gente que passou a estudar português só porque ouvi os meus discos que eu terminei me..., não vou dizer que me resignando porque não é uma coisa ruim, é uma coisa boa, também que as minhas gravações e as minhas interpretações interessem a pessoas de outros paises, é um motivo de orgulho, de envaidecimento não só pra mim como por nós brasileiros todos que qualquer uns dos nossos artistas seja reconhecido fora e eu preciso salientar que eu não sou dos mais conhecidos embora seja também conhecido, que pra mim é uma surpresa.
Você fez um disco só de canções hispano-americana, o FINA ESTAMPA. Você pensa em fazer o mesmo com musicas de algum outro país?
Penso. Eu sempre tive um plano de fazer um disco com canções norte- americana e também um disco com as canções luso-americanas, ou seja, as canções brasileiras que são as canções assim uma especie de antologia das canções mais bonitas do Brasil. Bom, uma coisa que outras pessoas tem feita tanto com a música norte-americanas quanto com a música brasileira e tem feito muito bem: então um grande desafio. Com a canção hispano-americana também já se fez muita coisa boa antes do FINA ESTAMPA, mas mesmo assim eu fiz e acho que tem uma nota original ali, que é a minha visão. E com relação a esses repertórios da música norte-americana e da música brasileira eu também tenho a mesma idéia de que embora o desafio seja grande, eu possa apresentar uma nota original. Então talvez eu faça um, talvez os dois, talvez nenhum dos dois, mas o plano existe. Eu tenho também um plano de fazer um disco de canções minhas que eu compus e que nunca gravei, e que foram gravadas por outros artistas.
Você foi eleito, numa recente pesquisa, como um dos brasileiros mais influentes do século na área da musica. Como você recebe esse resultado apontado pelo próprio público? Te envaidece? Você se sente responsável de alguma forma?
As duas coisas. Eu fico envaidecido e me sinto responsável. Sinto o peso da responsabilidade. Agora, eu acho que embora eu seja mais ou menos modesto em relação ao corpo assim do meu trabalho como produto, eu acho que é justo que eu seja considerado entre os músicos populares mais influentes por causa dos movimentos críticos que eu fiz durante o período do Tropicalismo, quer dizer, com a minha composição e o meu comportamento dentro da produção de música popular, juntamente com Gil e outros colegas. Eu realmente trouxe alguma coisa que eu considero de importância histórica, então não acho injusto.
Você passou, como artista, por diversas fases da histórica e social do pais e sempre foi um cantor e compositor admirado pela juventude. Existe uma receita pra conseguir isto?
Tenho uma receita. Eu simplesmente acho que a pessoa que faz coisas com pureza d’alma, pode conseguir fazê-las suficientemente interessantes pra que um número considerável de pessoas, em qualquer época venham a prestar atenção nelas. Eu acho que não é por acaso que Dorival Caymmi é o grande compositor que é até hoje nunca deixou nem deixará de ser reconhecido como tal; não é por acaso que Frank Sinatra morreu com oitenta e tantos anos sendo considerado talvez o maior cantor do século sem que isso tivesse sido posto em dúvida pela crítica do seu país em nenhum momento, não porque os anos passaram, entendeu. Não é por acaso que o Brasil sempre considerará Chico Buarque, ou Milton Nascimento, ou Gilberto Gil, ou Jorge Ben, ou Paulinho da Viola como artistas inesquecíveis pra sempre. Eu acho normal, não tem receita em nenhum de nossos casos, muito menos no meu.
Qual é o papel da família em sua vida?
Muito grande, que eu sou de uma família muito grande, e muito unida. A gente se une pras festas de fevereiro e, bom, então estou acostumado com a família. Depois que eu casei com Dede tive Moreno que é o meu primeiro filho, sou ligadíssimo a ele até hoje enfim, depois eu casei com a Paulinha, eu tenho dois filhos com ela, os meninos são espetaculares também, eu sou bom reprodutor. Então a família tem um papel muito importante na minha vida porque eu sempre vivi muito em casa com as pessoas da família, e continua assim, tem muitas famílias.
E como é o Caetano pai?
Meus filhos gostam de mim e eu adoro eles. Eu gosto de ficar com eles, gosto de botar pra dormir, sempre botei o Moreno pra dormir cantando, e o Zeca também gosta, Tom já ta aprendendo a gostar.
E dá tempo pra ficar com seus filhos.
Claro, porque eu trabalho muito mas eu não trabalho mais que um pai de família comum que vai todos os dias pro serviço. Eu saio às vezes numa turnê que dura um mês e muitas vezes eu combino com a Paulinha que os meninos venham alguns dias ou passam um pedaço, as vezes é um trecho na Bahia eles vão onde a gente fica, fim de semana, pra o Zeca não perder aula. Enfim. E fora disso eu fico trabalhando no Rio, trabalho porque eu componho, eu to planejando produções, etcetera, mas to mais em casa, ne. Na verdade, uma pessoa com a minha profissão tem mais tempo de ficar com filhos do que um bancário, porque muitos períodos do ano eu fico basicamente livre pra ficar tempo integral em casa; naturalmente eu quero ver muitas coisas, vou ver muitos shows, muitos filmes, vou à conferências, saio com amigos, faço mil coisas, mas eu tenho disponibilidade pra estar em casa com meus filhos.
Você tem liberdade pra fazer tudo que você quer? Sair, passear... Porque tem artista que reclama que não pode fazer mais nada por conto do assedio das pessoas. Isso não te incomoda de alguma maneira?
Não. Que nada. Eu nunca tive uma situação de sucesso popular como tô tendo agora tão grande e no entanto falam mais comigo na rua do que antes nesse período, mas não vai durar tanto. São em geral pessoas que querem dizer a você que gostam de você, então não é um problema.
Hoje que música melhor definiria o momento que você vive?
Das minhas... na altura que eu fiz era a música LIVROS, das recentes, mas hoje eu já não sei, já não é assim, já me sinto diferente daquilo; eu acho que um conjunto de musicas, diria, melhor que uma música só, eu acho que algumas gravações de Djavan, o disco do Gil gravado ao vivo, essas coisas que me tocam mais é porque dizem mais de mim.
Bem Caetano, muito obrigado pela entrevista.
Eu que agradeço, um abraço pra você, pra todas as pessoas que ‘tavam nos ouvindo, um beijão na verdade pra todo mundo e até uma outra hora.

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